Total de visualizações de página
domingo, dezembro 09, 2007
quarta-feira, dezembro 05, 2007
terça-feira, novembro 06, 2007
"Ouvindo vozes"
“A esperança tem duas filhas lindas; a raiva e a coragem”
Sto Agostinho
Estive por quase toda a minha vida preparando-me para este momento. A condição de nada ouvir. Foi indo aos poucos e nem sei ao certo se algum dia de fato ouvi o que todos ouviam. Às vezes lemos histórias nas quais crianças crescem ser saber que determinadas condições vividas por elas não são naturais e sim uma exceção à regra. Um dia, finalmente “descobrem” que o resto das pessoas não enxergam ou ouvem como elas. Percebem que há no mundo, uma classificação geral de normal e patológico. Outras realmente acreditam que não são patológicas e descobrem que são diferentes e depois partem para o caminho da ideologia da diversidade. O fato é que tenho visto e não ouvido tantas coisas por aí que começo a duvidar de tudo, até mesmo se de fato as pessoas que dizem que ouvem, escutam de verdade. São tantos pensamentos pensados dentro de uma cabeça humana. São tantas as vozes diferentes orientando-nos e desorientando-nos, tantas influências, modismos, e outros ismos que nem sei mais se as pessoas ouvem as suas próprias vozes. Meu cérebro está ávido por sons. Quando as pessoas falam, ele se esforça por ouvi-las, fecho os olhos e constato que nada ouço se não tiver a visão me ajudando. Não se trata de leitura labial, trata-se de uma imagem mental do som que meu cérebro produz com sucesso, minimizando minha solidão. E assim, tenho estado enfurnada no meio de gente, cinema, crianças, circo e tudo mais, tudo em nome das vozes que não quero que cessem em mim. Não sei se conseguiria suportar sem isso, meu cérebro é muito falante. Não queria fazer divisões entre corpo e alma e mente e espírito e etc, mas é difícil juntar aquilo que Descartes separou há tantos anos em nome da ciência. Ontem vi “Patch Adams” numa entrevista na TVE. Ele suplicava para que as pessoas se esforcem por pensar, pensar pensamentos lúcidos e críticos, pensar no que está acontecendo a nível global neste momento para além de ser eternamente jovem, bonito, sarado e famoso por 5 min. Com toda a sua magia de palhaço, me fez rir e pensar meus pensamentos de surda. Estou habitada por vozes, quase ouço...quase ouço...na verdade sinto a presença do som, sei que ele ali está, que entra em meus ouvidos, os ossinhos ajudam a empurrar para frente e que lá dentro da minha cóclea algo pifou seriamente. Ontem coordenei uma mesa sobre inclusão, e durante a apresentação dos demais percebi que os sons estavam metalizados como deveria ser ao microfone, novamente, novo teste, fecho os olhos, nada ouço, não sei ainda onde isso vai me levar...mas desconfio que se decidir pelo implante coclear como alternativa terapêutica terei de me esforçar muito para transformar sons produzidos eletricamente em sons “naturais”. Pergunto-me: “Há quanto tempo vc não ouve sons naturais, Angela”. Há anos. Desde os 28 estou protetizada e aos 12 não ouvia com luz apagada, também não me lembro quando parei de ouvir os segredinhos ao pé do ouvido. Mas sempre tive inveja de quem os ouve. As piadas são um mistério, as pessoas riem antecipadamente ao final e não tem graça pedir para repetir o final de uma piada. Pensei que seria desesperador, de fato foi por alguns dias...agora estou com raiva, raiva de mim mesma, pq não consigo usar o telefone. Quero que imagine a sua vida sem o uso do telefone, agora adicione a falta da música, coloque as novas vozes que irá conhecer, complemente com uma reunião importante e, finalmente, imagine o amor sem som....a última situação é desesperadora. Não sei como será, não sei quem tem coragem, para ter coragem comigo de amar essa condição. A raiva é filha da esperança. A coragem é filha da esperança, e o meu coração divide-se entre ambas. O que seria de nós sem a esperança?
Esta condição me faz refletir e agir continuamente e, é nela que me apoio. Que a raiva me dê forças para o erro e acerto e a coragem seja a minha forma de desafiar o destino, de ousar nesta condição afirmando o que eu sou. Estou afirmando que é possível escutar vozes sem ser psicótico, que é possível colocar o som onde ele já não pode ser transmitido como antes, afirmo que a vibração é som, o som que só os surdos entendem, vibração tem voz e melodia, mas não tem alegria nem tristeza e, foi por isso que no lançamento do filme de Babenco não chorei, nem me emocionei, não estava compartilhando a trilha sonora e, apesar de eu ser extremamente visual, a fotografia não supre a estética do som, que é mais visceral, ancestral, sabe? “A emoção acabou,... a minha música nunca mais tocou”. Cazuza estava errado, a emoção não acabou, posso cantar e escutar minha voz, e ela ainda me emociona, e muito, e nenhuma cóclea ferrada pode me tirar isso, eu posso imaginar a minha música predileta e posso escutá-la por que já as escutei antes milhares de vezes, milhares de vezes cantei e me emocionei, e não deixarei isto acabar. Por isso quero ir a um lugar bastante sonoro, quero arriscar voz e violão primeiro, pois quase enlouqueci com uma banda na semana passada. Quero dizer ainda que ouvi o barulho do vento no mar nesta sexta feira. Sai para remar e me desconcentrei nas ondas, e fiquei olhando e ouvindo o barulho do mar, as ondinhas marulhando, marulhando, então vamos remar, eu e meu barquinho.
segunda-feira, setembro 24, 2007
domingo, junho 24, 2007
A arte de Viver
segunda-feira, maio 21, 2007
Mandalas
Não deixe que atitudes do passado impeçam as conquistas do presente. Nenhum erro pode ser tão assustador a ponto de imobilizar nossa capacidade criativa e de aprendizado. E há casos que nem sabemos como pudemos errar tão feio. Aprendo a ouvir, aceitar, acolher, errar junto e acertar de vez em quando. Ficam as palavras de Clarice Lispector:
terça-feira, maio 15, 2007
Em busca da sintonia perfeita
Que o Hawaii seja aqui, todos os lugares, as ondas e os mares...papo-cabeça de surfista em busca da onda perfeita é uma bobagem, não é não?!
domingo, maio 06, 2007
Maria Augusta
terça-feira, maio 01, 2007
segunda-feira, abril 23, 2007
Ibitipoca !
domingo, abril 08, 2007
Carta aos mergulhadores
"Como todos os seres humanos, nascemos no coração da mãe-terra. Temos braços e pernas, respiramos oxigênio que entra em pequenos pulmões. Passamos grande parte da nossa vida na posição vertical que nos dá uma maior autonomia e conforto na terra. Vistos superficialmente somos iguais a todos os seres humanos.
Somos homens e mulheres de espírito inquieto. Buscamos na nossa vida mais do que foi dado. Passamos por grandes provas para nos aproximar dos peixes. Transformamos nossos pés em grandes nadadeiras, seguramos o calor do nosso corpo com peles falsas e chegamos até a levar um novo pulmão em nossas costas. E tudo isto para quê? Para podermos satisfazer uma paixão, um sonho. Porque nós, algum dia, de alguma forma, fomos apresentados a um mundo novo. Um mundo de silêncio, calma, mistério, respeito e amizade. E esta calma e silêncio nos fizeram esquecer da bagunça e agitação do nosso mundo natal. O mistério envolveu nosso coração sedento de aventura.
O respeito que aprendemos a ter pelos verdadeiros habitantes desse mundo. Respeito esse que, só depois de ter sentido a inocência de um peixe, a inteligência de um golfinho, a majestade de uma baleia ou mesmo a força de um tubarão, podemos compreender.
E a amizade. Quando vamos até o fundo do mar, descobrimos que ali jamais poderíamos viver sozinhos. Então levamos mais alguém. E esta pessoa, chamada de dupla, companheiro ou simplesmente amigo, passa a ser importante para nós. Porque, além de poder salvar nossa vida, passa a compartilhar tudo que vemos e sentimos. E em duplas, passamos a ter equipes, e estas passam a ser cada vez maiores e mais unidas. E assim entendemos que somos todos velhos amigos mesmo que não nos conheçamos. E esse elo que nos une é maior que todos os outros que já encontramos
E isso faz com que nós mais do que amigos, sejamos irmãos. Faz de nós, mergulhadores."
Jacques Yves Cousteau 11/01/1910-25/06/1997
Vital
Estou muito grata à tudo, principalmente pela possibilidade de retomar o mergulho.
Fizemos uma saída no Porto de Arraial do Cabo-RJ, capital do mergulho! Incrível poder estar lá embaixo, como se estivesse em nossa morada original. O trabalho da respiração, o controle da descida, todo o ambiente ao redor a acolher o corpo que contempla e agradece. Esquecei do peso do cilindro, do cinto de lastro e toda aquela parafernália do mergulho, roupa meio astronauta do mar. Como somos desengonçados fora dágua e...harmônicos dentro dela.
Quisera que os filhos da Terra não a destruíssem mais. Educar a todos os seres sobre o valor do cuidado, do amor ao mar e a terra. Ensinar a cada criança, adulto ou idoso que não há nada melhor do que um mergulho para aprender a amar e a conservar o nosso ambiente.
Na sequência, mergulhando, primeiro ponto de mergulho, e na embarcação.
Bjs, Angel
sábado, março 31, 2007
300
quarta-feira, março 14, 2007
Anton
Este é Anton Raderscheidt, pintor expressionista alemão, e sua esposa Marta Hegemann. A foto foi tirada em torno de 1920. A rigidez de suas feições é assustadora. Qd olhei rapidamente, hoje pela manhã numa busca pela internet, lembrou-me Drácula. O modo como segura o pescoço nú de sua esposa, que parece ignorá-lo de perfil, somado ao busto estravagante e o excesso de gordura no pescoço parecem convidativos. Porque um artista posaria assim para uma foto histórica? Suas obras atravessam o construtivismo e beiram o expressionismo abstrato. São belas, intensas e ricas em cor. Ele nos fita dentro da alma, como se ainda vivo fosse, a prescutar nosso íntimo
Tive tantas idéias para esse texto, esqueci-me de todas. Já não ligo.Lentamente começo a mudar meus focos de interesses, trazendo a tona o que é legítimo, o que me torna viva, como o olhar da foto de Anton.
Tive tempo esta semana para preparar minha alimentação com zêlo, como se cada grama daquele alimento fosse meu de direito. Escolhi, embalei, carreguei, paguei, arrumei, fiz o cardápio, preparei o alimento. Fiz com calma, com prazer. Me senti maravilhosamente bem. Assimilação e eliminação, meu momento biológico-espiritual.
Ainda não consegui iniciar minha psicoterapia. Não encontro ninguém confiável. Os muito "confiáveis" são tb muito dispendiosos. Por que pagar tanto para alguém especializado te ouvir. Ainda acho que onde me sinto melhor é na arte, debruçada sobre tintas e pincéis. As cores ouvem minhas emoções e as linhas traçam meus sentimentos. São estas minhas conclusões terapêuticas do momento.
Foi uma tarde inteira de espera para a consulta com o hepatologista. O esquema medicamentoso (sabidamente hepatotóxico) está agredindo o fígado de forma incomum (para variar). Ele ficou indignado: - Como se esqueceram do fígado! Lá vou eu negociar minhas partes em SP.
Sinto uma predisposição a acreditar mais fortementemente em minha intuição e ela aponta para caminhos tão simples e por isso mesmo tão difíceis para mim de serem seguidos...
Não acredito que como quase toda a humanidade passarei um terço de minha vida dormindo e trabalhando, protelando para depois o trabalho real de desapego às fragilidades do ego. O esforço initerrupto de ser aceito. De não ser o que se é. Resta saber o que somos. Um tempo para a meditação, please! Não pode ser tão difícil assim, mas ao que parece, o que apreciamos mesmo é o apego,
E o sofrimento já me ensinou tanto, passar através da dor, isto é legítimo. Minha memória da dor, não é uma memória de desespero. Desta última, aprendi um pouco mais sobre isso. Sobre o passar com alma.
Parece que recebi um novo corpo, algo está acontecendo, intuição é assim, o que posso dizer?
Precisava sair há muito tempo.
O olhar de Anton, não é sereno, é?
Vc que não sabe nada sobre ele, cuja imagem foi encontrada no ciberespaço e nele estamos agora dividindo impressões. Quais perguntas faria à Anton?
Seu olhar me intimida
Angel