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quinta-feira, maio 04, 2006

O atentado

Eu que acabei de ler "O atentado", e gostei, considero o tema do livro, o drama vivido entre judeus e palestinos, universal. O autor consegue humanizar o terrorismo a tal ponto de torná-lo uma causa possível aos nossos olhos ocidentais. É preciso relativizar, claro. Quem estabelece o fio da narrativa é o cirurgião Amim e por meio dele identificamos nossos "dramas" pessoais
O livro é de autoria de YASMINA KHADRA (pseudônimo):
"Amin, cirurgião israelense de origem palestina, sempre se recusou a tomar partido nos conflitos que opõem seu povo de origem a seu povo de adoção e dedicou-se integralmente a seu trabalho e à esposa, que ama apaixonadamente. Até que um dia um kamikase se faz explodir dentro de um restaurante em Tel-Aviv e Amin é obrigado a reconhecer o corpo mutilado da bela Sihem, sua mulher, acusada de ser a mulher-bomba, a protagonista daquele cruel atentado suicida. judeus e palestinos"
Queria conhecer um pouco o que sentem os povos oprimiddos e perseguidos historicamente. Ao longo da leitura vai ficando cada vez mais óbvio que Amim representa aquele que sempre lutou pela perpetuação da vida e, por opção pessoal, não nutria afinidade pelo "alto custo espiritual do terrorismo". Os cirurgiões me parecem ter alto poder de observação, capacidade de síntese e sensibilidade artística. No livro, Amim representa a resistência pela vida em confronto com suas origens, um povo massacrado pela violência e pela morte. A leitura evoca a simultaneidade da dor e do medo, da dúvida, traição e devoção Aos olhos de um cirurgião a busca voluntária pela morte, é incompreensível. O autor traz à tona os fundamentos que alimentam as atitudes dos terroristas:"Quando os sonhos nos são negados, só resta a morte, a última salvação".
Não posso contar o que sucedeu à Amim, mas posso dizer que é envolvente demais perceber que por meio da perda da esposa num ato tão brutal, busca o retorno às suas origens, sua casa de infância, seu patriarca e, ao se lançar para "sua" libertação, consegue reviver a voz de seu pai:

"Podem te tirar tudo, teus bens, teus mais belos anos, todas as tuas alegrias e todos os teus méritos, até sua última roupa-sempre restarão teus sonhos para reinventar o mundo que te confiscaram".



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