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domingo, dezembro 17, 2006

Pombo ou Urubu ?



Saindo de uma internação...a vesícula não vai muito bem.
Gente, gente, eu preciso lembrar a todos vcs, a vida é breve, breve. Essa coisa toda de espiritualidade é para dar o tom, o Tom da história toda. Tenho estado com um olho aberto e outro fechado, buscando a meia luz da razão.

Parei de reclamar do hospital depois que li a reportagem de hoje sobre um dia no hospital Miguel Couto no Globo. É literalmente de matar! Dói pq são pessoas sem voz, sem vez, sem saúde do corpo e da cabeça. Parece um buraco sem fundo que fica mais sem fundo ainda qd olhamos o os novos "salários milionários" dos parlamentares
Preciso me lembrar, somos sujeitos polítícos, somos sujeitos sociais. Vai ser uma luta educar os meninos nesta coisa toda chamada SUS, integralidade, humanização. Vai precisar de muitos ingredientes. Vai precisar de mais discussão, de mais "chegar junto", sabem?
Cuidemos para não sermos atropelados pela escrita teórica e rica com risco de perdermos a incrível oportunidade que estamos tendo de co-nhe-cer. Conhecer teoria e prá-ti-ca.
Leito, me deleito pq tenho esta "vantagem" daqueles que não podem, nem devem ver a vida pelo retrovisor com risco de perder o momento, com risco de viver pela metade.

De volta pra casa

Beijos,
Angel

segunda-feira, novembro 27, 2006

Se lançar






Neste domingo combinamos uma caminhada ao topo da Pedra Bonita, na Gávea. Chang, havia convidado o grupo do Tai chi para uma descida de asa Delta no retorno. Era assim que queria comemorar o seu aniversário. Topei. Não havia nada em mim que dissesse que eu não devesse tentar, apenas o tempo, um pouco nublado.
Na rampa havia muitos pilotos, asas em espera pelo vento para ganhar altura. Conforme a natureza deixava, saltava um e depois outro para o vôo duplo. Escolhi com quem iria saltar. Falar em confiança é algo surreal. Não conhecia ninguém ali, confiei na intuição e no estado de conservação da asa. Ou vc confia ou não...
Na lateral da rampa há duas tirinhas prateadas que balançam a menor oscilação provocada pelo vento. É preciso esperar. O piloto faz uma simulação no solo da corrida que terei de enfrentar na rampa. Já com o colete e capacete vestidos ele explica: "É preciso correr. Aqui é ao contrário, se não correr o bicho pega. Já tivemos algumas experiências desastrosas...o sujeito pára na descida da rampa, ou não corre e a asa não sobe"...Resolvi que iria correr muito. Treinamos a corrida. Corri. Novamente. Corri com muito mais velocidade. "Está ótimo"- disse o piloto. Perguntei: "É só fazer isso?. "É!". Parece fácil, pensei.
A asa está em posição, o piloto fixa os ganchos no topo do Delta. Checa tudo, me explica o que fazer com as pernas depois da decolagem. Subimos a rampa. Devo olhar para frente, antes procuro pela fitinha prateada, ainda não está em posição, penso em dizer isto ao piloto, respiro, não falo nada, ou vc confia ou não, já tinha feito a minha escolha. Ele ordena: CORRE!. Olho para frente, corro junto com ele e me lanço rumo ao atlântico. Momento mais difícil. Eu nunca havia feito isso antes, provavelmente nem vc que está lendo. É isso: se lançar para o desconhecido. Ajustei as pernas e o corpo se alinhou com a asa, minha mão esquerda sobre o ombro do piloto. Confiança. No meu lado direito a pedra da Gávea, imponente, majestosa. O rosto de pedra me olhando de frente, como uma esfinge, penso que vamos de encontro à ela.
As fotos são tiradas com um controle remoto que fica na mão direita do piloto, conforme ele aciona o controle e solta uma das mãos, a asa desvia para o lado da Pedra, estamos perto demais...
Curva para a esquerda, estamos sobre o mar de São Conrado. Mar mesclado de verde escuro e esmeralda. Poucos banhistas, alguns surfistas na ponta da encosta da Niemayer, são os meninos da Rocinha. Sobrevoamos com calma o mar. Pergunto a altura, juro que não me lembro da resposta, Muito, muito alto talvez. Ipanema aparece mais a frente, curva fechada, vejo o maciço da Tijuca, a Floresta é o nosso maior presente. Deveriamos ser agradecidos nesta cidade. Fecho os olhos, agradeço por alguns minutos, deixo sair a angústia e dor de experiências passadas, quando fui lançada ao desconhecido involuntariamente. Meus amigos de cadeira, sinto por todos eles, lavo nosso sangue, lavo nossa alma. Respiro. Confiar, não estamos sozinhos, estamos conectados a tudo e por isso temos chances muito grandes de nos influenciar positivamente. Também estamos conectados à natureza e ela nos provê de tudo que precisamos. Deveríamos ser-lhe gratos,. A cada vez que inalamos o ar, deveríamos agradecer. Lírios do campo, lembrar de agradecer.
Voar não é tão desconhecido assim. Uma sensação de que o céu, assim como o chão, também me é natural. O sentido espiritual da dualidade: o Céu e a Terra.
Seja feita a sua vontade Senhor. Já não havíamos combinado que em suas mãos estava a minha vida? Isso foi aos dezoito. Sim, já havíamos combinado.
A sensação é muito boa.
Vamos nos preparar para o pouso, a curva é muito fechada, duas vezes sobre a faixa de areia, minhas pernas agora estão soltas. Tiramos um fino do cara sentado na cadeira de praia, já deve estar acostumado. Entramos na faixa de pouso, o piloto freia, solo. Sorriso pleno.
Céu e terra, vamos agora ajustar isso

"O processo é duplo, por um lado atua a sociedade com a sua educação, por outro o indivíduo se submete a um processo consciente de auto-educação"
Ernesto Guevara

domingo, novembro 12, 2006

Volver

Volver, Almodóvar retorna com uma comédia dramática. Mulheres dominam a tela. Madres e chicas, passado, sonho e vida (no Tango de Gardel):
"...Tengo miedo del encuentrocon el pasado que vuelvea enfrentarse con mi vida.Tengo miedo de las nochesque, pobladas de recuerdos,encadenan mi soñar."
Pela minha intuição estética, as mortes na história não são um fim em si mesmas, são fantasmas que retornam trazendo um passado muito presente. Os ventos também mobilizam o passado e a energia por eles produzida retoma os dramas que não podem ser esquecidos.
Gosto da maquiagem de Penélope Cruz, olhos exuberantes. Todos os olhares são interessantes e cruzam a todo momento com o olhar do expectador.
O drama da mãe é também o drama vivido pela filha, unidas assim, tornam-se cúmplices na trama. O não olhar é o que provoca mais dor. Gosto desse cotidiano trazido por Almodóvar que mistura intuição e realidade.
Angel

sábado, novembro 11, 2006

Profundidade e contorno


Grafismo e pintura. Preciso escolher meu caminho plástico
Um ou outro me satisfaze.
Posso escolher qualquer caminho desde que permaneça uma coerência interna
Recriar sentimentos e visões internas
Um pouco de leveza, só um pouco de leveza é do que necessito.
Angel

Cinco minutos


A idéia de viajar a noite de ônibus para SP evitando a confusão dos aeroportos não foi boa. Não dormi nada, cheguei cansada. Vir no vôo das oito resolveria bem o problema.
Hospital das clínicas, hospital de excelência da América latina. Na entrada vejo um grupo de residentes. Movimento de greve, penso. Nos corredores muitas pessoas, muito sofrimento. Histórias diferentes. Tento organizar meus pensamentos, preciso colher sangue para o protocolo de pesquisa, tomar café e remédios, colher um exame no lab do subsolo. Escolho tomar café. O número de residentes agora aumentou, procuro por alguém conhecido. Não há ninguém da Nefro. Leio a primeira página da "Folha de SP", Lula, Palestina, volley feminino, metrô em expansão...Tem um médico me flertando na mesa da frente. Consulto o relógio. Vamos ao lab.
Dez horas, urologia, minha senha brilha no painel. Dirijo-me a sala número 5, será uma consulta breve. Não mais que cinco minutos, tempo necessário para minha médica olhar exames, perguntar sobre minhas queixas e fazer modificações nos medicamentos. Minha queixa são meus ovários, doem muito na menstruação. Eles parecem raivosos comigo. Talvez um aviso sobre minha fertilidade, desejo de procriação, perpetuação que não virá. Não digo nada disso, digo o que ela quer ouvir. Com o tempo aprendi a me poupar. Saio como entrei, pela porta da sala número cinco. Admiro minha médica, mas não acredito mais que seu comportamento em relação ao tratamento vá mudar, tb não acredito que cabe a mim modificar seu tempo e forma de estar comigo e demais pacientes. Ambas fazemos a nossa parte, ela trata, eu aparento ser dócil.
Lá fora os residentes protestam em altos brados, consigo ouvir suas queixas. São explorados como profissionais, a jornada de trabalho é aviltante, as condições de trabalho são ruins e não tem direito a 13 salário, nem salário férias. Os futuros médicos concursados de amanhã.
Quem explora quem?
Qual o contrato de trabalho estabelecido pelas instituições para administrar a doença?
Acho que estou um pouco cansada, preciso repensar com calma o que significa tratar e ser tratado numa instituição pública.
Angel

sábado, outubro 28, 2006

Bienal de Arte 2006






Tinha de tudo e mais um pouco
Angustiante, cansativo, plantação de arruda para apurar os sentidos, vídeos arte, política, crítica, estética as avessas, incoerências...Se descrever, não é mais arte

Angel

quarta-feira, outubro 18, 2006

Céu azul



Finalmente céu e mar azul por aqui
Eu e minha doadora em Arraial do Cabo- prainhas do Atalaia
Comemoração do dia das crianças atrasado. Olha meu irmaozinho sentado no canto e niver da Dina!
Bjs,

Angel

quinta-feira, outubro 12, 2006

Maluco Beleza





Maluco Beleza
Raul Seixas

Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal
e fazer tudo igual
Eu do meu lado, aprendendo a ser louco
Maluco total
na loucura real
controlando a minha maluquez misturada com minha lucidez
Vou ficar
ficar com certeza
maluco beleza
Este caminho que eu mesmo escolhi
É tão fácil seguir
por não tem onde ir
Controlando a minha maluquez
misturada com minha lucidez
Vou ficar
ficar com certeza
Maluco beleza
Eu vou ficar.....

Surge o Profeta Gentileza

"No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, quando tinha 44 anos, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano“, o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do natal, seis dias após o acontecimento, José (José Datrino, 11.04.1917-29.05.1996), acordou alucinado ouvindo “vozes astrais“, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro longos anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.
Leonardo Boff nos escreve em "Saber Cuidar":
..."como nos profetas bíblicos, o Profeta Gentileza via nos acontecimentos a manifestação de um sentido profundo. O circo lhe sugere o mundo como um circo, como teatro e representação. Sua destruíção é uma metáfora da destruição de um tipo de mundo construído na falta de gentileza e gratuidade"
Por aqui, creio que ainda há muita dor naqueles que perderam alguém no vôo 1907.
Dor universal, dor humana. Não é necessário ser parente ou amigo de quem partiu naquele vôo. Perpassa à todos.
A clareira deixada pelo impacto da queda no meio da floresta. A destruição
Cuidar e criar gentileza. Nossa relação com o outro com a Terra.
Dizia sempre o profeta gentileza:
"seja maluco como eu, mas seja maluco beleza, da natureza, das coisas divinas"
Angel
Trechos retirados do site "O impressionista"

sábado, outubro 07, 2006

Traço




Parque lage, Escola de artes Visuais, aproximadamente 21:30. Dificuldades com o traço. Minha segunda aula de desenho com tinta sobre papel. Lembrar que a questão é da "observação à expressão".

Hoje temos uma modelo magra de cabelos castanhos escuros. Já tivemos muita gente bonita por aqui; lutador de Muay Tai, morenos sarados, mulheres de feições suaves. Nenhum gordinho, amputado, mastectomizada ou cego...Parece que já houve modelos diferentes no ano passado.

Sala cheia, todos os cavaletes ocupados. O ateliê é no subsolo da casa que foi de Henrique Lage. Tenho ocupado o cavalete em frente a cadeira onde senta-se o prof. Mollica (ou um artista professor, ou por outra um artista que por meio de sutilezas vai interferindo no aprendizado do desenho). A modelo está com um chapéu e uma canga preta com pequenos desenhos em branco. Suas posturas são pouco naturais. Notei quando ela se maquiou no início da aula. Cada modelo tem seu jeito de ir se despindo. Alguns chegam e mandam ver. Alongam-se ao natural. Outros vão se despindo aos poucos, aproveitando o efeito dos tecidos e, finalmente, há aqueles que nunca se despem. Ocultam os partes aqui e ali. Noto que as mulheres tem mais dificuldade. Os homens adoram se exibir... É muito interessante como nosso olhar pode ser modificado. Há o corpo nú observado pelo olhar clínico, artístico, piedoso, sarcástico. Nem sempre é o corpo por si só que modula o olhar, mas a intenção de quem olha. Preocupo-me em como percorrer linhas e curvas, ondulações, traços em busca de uma forma conhecida, de uma representação. Estou cansada à esta hora, não atribuo ao dia puxado, mas a rigidez da postura da moça. Reflito, trabalhe isso em você, procure modificar seu olhar. Os trabalhos não caminham bem, o que pode ser conferido na primeira foto. Mollica que me observa de sua cadeira é sutil e me dá o código:

" Parece pintura Renascentista, nem se vê a linha..................................tá bonito"

Olho pra traz e ele está afirmando com a cabeça. Não senti nenhuma convicção. A tradução menos educada seria: Está uma M. Não há traço, só uma busca pela representação natural. Não chegará a lugar nenhum assim, só ao bonitinho. Viro-me novamente para dizer: "Entendo"

Mudo a folha. A modelo deita-se agora no chão e relaxa. Basta ver a postura adotada: pernas apoiadas para cima, uma sobre a outra. Puxa a canga sobre um seio. Ela busca ocultar o rosto com o chapéu. Mollica aproxima-se e retira-o gentilmente, já há muito sob os panos. Não aprenderemos pintando panos e chapéus, precisamos de pele, rosto, e cor. Eu mudo da posição de pé para sentada no banquinho. Respiro, limpo os pincéis, relaxo os ombros. Começo com movimentos sutis sobre papel, apenas buscando delinear o traço, a tinta bem fluida. Detenho-me nos contornos, sugestões de pés, pernas, curvas com as quais brinco. O rosto, não podia vê-lo de onde me localizava, usei a imaginação. Esqueci-me do entorno, tanto faz, não quero mais resultado bonito. Não sei o que quero, talvez somente seguir o caminho do traço. Ele que me leve. Sutilezas. Apenas a linha sobre o papel. Sei que não julgava mais naquele momento.

Ouço uma voz, devem estar falando comigo. Aprendi que devo olhar sempre que há uma voz, pois pode ser comigo e não posso saber se não olhar. Era. Moliica estava falando, chamando minha atenção. Dizia algo como: "Sim! Agora há um traço com sangue! Mudou completamente. Pode parar, pode parar! Não precisa colocar mais nada." Levanto-use e retirou meu papel do cavalete. Gostou também do trabalho que veio a seguir e o nosso tempo se esgotou.

A modelo adota muitas posturas durante a aula e não temos mais que 10 minutos para trabalhá-las. Isso faz parte do método, creio. O tempo limitado força-nos a buscar a essência, de outra forma não terminaríamos nenhum desenho sequer.

Os trabalhos são dispostos no chão e comentados ao final. Foi uma noite rica e de muitos questionamentos. Porque é tão difícil deixar de lado as representações, as formas rígidas e padronizadas? A mente curiosa deve sondar as ambiguidades da visão.

Mollica cita Deleuze, a importância da filosofia na pintura. Discorre sobre a naturalidade do comportamento infantil que transparece no desenho. Falou-nos sobre a necessidade de ultrpassarmos o paradigma cartesiano E veio a seguir a física quântica. Desejava tanto ouvir tudo! Precisei usar muita imaginação e meu conhecimento teórico. Em cada trabalho fazia comentários: "...aqui a forma foi sugerida pela cor... jogue fora todo o resto, somente neste trabalho há vida" (e sabíamos que ali havia uma possibilidade). Uma aluna que havia começado ontem, muito ansiosa, indagou sobre a prática do desenho, que ela jamais conseguiria aprender sem orientação. Mollica explica sobre o caráter eminentemente prático do desenho. Não há como ensinar a andar de bicicleta. Uma hora vai. Algumas destas perguntas são aquelas que terei de me confrontar de agora em diante: Como se aprende? A prática deve preceder a teoria? Existem fórmulas prontas? O que influencia em nosso modo de ver e de fazer? Como nos libertar de estereótipos?

O trecho abaixo tanto pode se aplicar a arte quanto à educação. Retirei do livro "Arte e Ilusão", de Gombrich:

" ...O artista que deseja "representar uam coisa real (ou imaginada) não começa por abrir os olhos e olhar em volta, mas por tomar cores e formas e construir a imagem requerida. A razão pela qual muitas vezes esquecemos essa simples verdade é que em muitas pinturas do passado toda forma e toda cor significavam uma coisa só na natureza- o marrom servia para troncos de árvores, o verde para folhas, A maneira usada por Dali para deixar que cada forma representasse várias coisas ao mesmo tempo pode concentrar nossa atenção nos muitos significados possíveis de cada cor e forma-exatamente como um jogo de palavras bem feito nos faz perceber a função das palavras e o seu sentido"

Preciso encontrar uma forma de conciliar em meus estudos, arte e aprendizagem. Senão, como continuar meu trabalho, sem o necessário tempo para a prática do desenho e pintura, capazes de me retirar do lugar comum, transpondo-me para o universo de criação.

Angel

quinta-feira, outubro 05, 2006

Belô


Minas Gerais, terra de toda a minha família.
Iniciando por lá meu novo pé na estrada.
Encontro Nacional de Docentes na UFMG e sapa tomando sol no jardim da casa de minha tia
Bjs
Angel
Em tempo: preciso renovar meus vestidos

A flexa deixa-se atirar-se


Estava com saudades deste meu espaço, meu parque de diversões onde escrevo sem compromisso e esvazio um pouco o turbilhão de idéias e ações iniciadas. Tudo gera muita energia e a prática do TaiJi tem sido importante. Creio que somente agora, começo a entender um pouquinho desta filosofia de vida baseada no Taoísmo. Tem muita coisa acontecendo. Talvez o período mais criativo de minha vida (estou aposentando a palavra produtivo em favor de um mundo menos competitivo, combinado?)
Minha entrada no campo da educação tem me levando a antigas leituras que agora surgem com outro sabor. Refiro-me a Paulo Freire, o nosso educador maior. Faz tempo que não o leio e fazem cinco anos que ele partiu.
Angel

quinta-feira, setembro 07, 2006

Ascension



Escultura de Anish Kapoor, escultor indiano, hoje no CCBB. No Rio até 17 de setembro. Depois vai para Brasilia e SP.
"Ascension": Fluidez, atemporalidade, passagem para outra dimensão.
Outras esculturas como Double mirror também transmitem essa idéia, como buracos negros. Somos sugados por seus espelhos côncavos reconstruindo a imagem devolvida. No Pillar, na qual o visitante entra numa coluna circular violeta, é quase uma viagem para outro universo. Muitos estonteante todo o conjunto.
Pela primeira vez pude fazer uma aproximação mais justa entre percepção, arte, e espiritualidade. São ilusões francas que, numa linguagem íntima, devolvem distorções da realidade e novas percepções desta.
Uma mistura de transcendência, sensação de imersão num outro espaço culminando com um sentimento de efemeridade da vida. Houve também um conflito entre olhar e tocar
Bárbaro!
Angel

Bedrock de luto

Partiu Ed Benedict, aos 92 anos. Criador dos traços dos Flinstones, Pepe legal e Zé Colméia.
A arte pop perde um grande desenhista
Ficam os desenhos.
Se bem me lembro nessa cena aí Vilma e Fred participam de um comercial de propaganda de cigarros. Toda aquela tecnologia na idade da pedra era de lascar
Bjs
Angel

segunda-feira, setembro 04, 2006

Pessoa


Mais Fernando Pessoa desta vez enviado por Ana de Portugal
Bjs,
Angel

Ser Feliz
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa
Imagem: Obra de Rene Magrite (Le vacances de Hegel)

Leque


Eis a questão a ser pensada: o perfil do egresso que queremos formar no novo curso de graduação de Terapia Ocupacional e Fisioterapia do Cefet. Ou ainda, o terapeuta por quem gostaríamos de ser atendidos. Tarefa difícil em tempos de produtividade, alto consumismo, conhecimento efêmero, distorcido e descartável. A competitividade é a marca do nosso tempo nos quais “dezoito segundos” parecem ser o tempo máximo de escuta entre uma pergunta e outra. Pensar no profissional talvez seja uma tarefa fora do nosso alcance, pois como poderíamos antever o caminho que cada um poderá tomar? O profissional não está pronto nem ao menos próximo de estar pronto até o momento em perceba o seu chão, o chão do outro e as inúmeras possibilidades do caminhar. Poderia encerrar aqui levando em consideração que ninguém forma ninguém, que vocação é coisa de nascimento e que conscientização é um ato individual, recorrendo às palavras de Paulo Freire. Poderia também, tentar recordar das pessoas que me influenciaram como pessoa quando, vindo a ser terapeuta (ainda não sabia que era) decidi-me que era ali que queria estar. Aquelas lembranças que fazem a diferença nos momentos cruciais da vida: meu pai que mostrava uma persistência visceral frente a todos os problemas e fazia-me entender que há sempre uma porta aberta para aquela que se fechou. Minha mãe e sua confiança em Deus e nos espíritos. Todos somos não é mesmo? Então por que não confiar logo em si mesmo? Foi o que aprendi sozinha. Minha irmã que se afastava para pensar e quando retornava era para tomar a decisão que fazia a diferença. Posso estar divagando demais, mas, afinal, quem são as pessoas que lidamos, senão pessoas que estabelecem relações? E tudo o mais que vem do meio ambiente; as percepções, o movimento, a imobilidade, a comunicação, a luz e a noite, e coisas que ainda não conseguimos ver, são pequenos recortes de realidade, a coisa vivida em si que nos coloca junto, inseridos numa cultura que é o caldo dessa história toda. Lembrei-me dos livros, de muitas histórias contadas e lidas que iluminam o caminho. As biografias, que alimento maravilhoso: Lao Tse, Che, Castaneda, Gandhi, Isadora Duncan, Van Gogh, Frida Khalo, Dostoievski, e também a história do profeta Gentileza, do “Jhonny vai a guerra”, Hitler, da Olga Benário, de Francisco de Assis, de Madre Tereza, de Chico Xavier, e Jesus. Todos eles passaram por aqui, neste mesmo chão que ora pisamos, em outro momento histórico, provando o preço de um ideal, ou a distorção dele

E há a poesia; Neruda, Pessoa, Jobim, Lispector:

...”e das plantas vinha um cheiro novo, de alguma coisa que se estava construindo e que só o futuro veria”.

Sim, a poesia é fundamental neste egresso, neste que está indo de encontro a uma realidade maior que vai além de si e do seu entorno, que vai de encontro com a própria humanidade.

Tentei imaginar coisas que senti falta nas situações de desbravamento de território, de campo profissional, pensei na empatia e na falta dela, na comunicação, na escuta e no verbo. No silêncio, no orgulho e na vaidade, na omissão e no socorro, no estar junto e no sair de fininho. No compartilhar e no desprezar, no profissional-mito e naquele que não tem pasta de couro e anda de tênis. Pensei no lugar de quem senta para tratar e ser tratado, naquele que conhece a doença dos livros e da clínica e adoece. Daquele que conhece as ruas e as favelas pelo jornal das oito e pelos vidros fechados do automóvel e vai a campo pegando piolho da cabeça das crianças, até porque só se pega piolho aquele que cuida de cabeças. Recordei-me das avaliações e dos planos de tratamento, dos locais de estágio, dos meus professores (aqui e ali), tentei mesmo me recordar se houve algum mestre, aquele que agiu como um arqueiro e viu em mim a “tal flecha viva” de que nos fala Gibran. Não me recordei. Meus pensamentos percorreram imagens de filmes, trechos de beleza estética, performances, teatro, máscaras, música que emociona, obras que respiram como seres orgânicos, e me fizeram sentir formas, cores, cheiros, espaço e movimento e tudo isso me fez apreender.
O que desejo, espero formar, aprender junto, transformar, é algo dinâmico, pois não há relação terapêutica-educativa sem o outro, e sem os meios necessários para tal tarefa (não utilizei a palavra ferramenta propositalmente, embora goste muito dela).
Penso ser fundamental a apropriação de determinadas virtudes como a arte de ver, ouvir, falar e silenciar. Competências como o domínio de uma arte, de um modo de fazer, de propor o pensamento e o diálogo. De um espírito oriental para entender o ocidental, dos paradoxos, das ambigüidades que promovam o discernimento. Saber lidar com a motivação e a criatividade, conhecer teoria e prática. Ser criativo acima de tudo e aceitar o novo como um desafio altamente positivo, um exercício de emancipação e de escolhas.
Tem ainda a tecnologia em toda a sua amplitude, do palito de fósforo passando pela câmara escura, lanterna mágica, desenho animado, realidade virtual e arte digital. Bisbilhotar, conhecer, construir, destruir e aprender a fazer e, a fazer de novo. Lembrar que técnica sem criação não promove conhecimento, não amplia horizontes e são apenas fruto de “tempos modernos”. E isso me lembra Chaplin, que lembra Orwell, que lembra novela das oito, que lembra dos muitos livros a ler, pessoas a conhecer, vidas que devem ser vividas em liberdade (de todos os tipos não vou enumerar senão não fica mais parecido com liberdade). Abomino quando profissionais chamam pessoas de doentes, os nossos não devem aprender isso, devem ser levados a compreender que todos são indivíduos vivendo seus momentos especiais que os tornarão exatamente no que acreditam e, que parte do que vierem a acreditar, depende daqueles que estão no ensino, nos palcos, nas artes em geral, na mídia, na política, nas ruas, no pai e na mãe e voltamos então ao lar, voltamos a casa e ao chão nosso de cada dia. Que seja um chão de infinitas possibilidades, de raízes que se espalham e são nutridas por diversas fontes inclusive pela espiritualidade, coisas visíveis e invisíveis. Espero me fazer compreender ao menos no que não espero em nossos egressos; não quero mais o especialista, que só vê o órgão doente ou pequenos recortes de realidade que nada dizem sobre a condição humana, e não consigo acreditar em um educador que não ouse aprender diariamente. Acho que acredito num egresso que busque em sua profissionalização um olhar de primeira vez, aquele “olhar de estrangeiro” em terra desconhecida, em que tudo é novo e pronto a ser descoberto.
Que digam as crianças da apresentação de hoje no Palácio de Cristal, a novidade de aprender.
"Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo”
Fernando Pessoa

domingo, setembro 03, 2006

Eixo


Instituto Philipe Pinel, praia vermelha. O local, para os que estão acostumados, é recheado de loucos como nós três aí na foto. Loucos pela profissão, pelo conhecimento, pela multiplicação e pela generosa loucura que não se explica e não se busca entender.
O eixo SP-Rio só tem me trazido ótimas experiências. Dia feliz aquele em que resolvi colocar a mochila nas costas e buscar outras alternativas.
Reunidos pela vontade de acontecer. E assim, vamos para o terceiro módulo de nosso curso de neuropsicologia e reabilitação cognitiva, trazendo mais uma paulistana que veste a camisa da terapia ocupacional.
Amanhã tem Tai Ji Chuan no palácio de Cristal em Petrópolis, momento zen para fechar a semana.
Bjs a todos
Angel

Mais duas pessoas maravilhosas que entraram no meu caminho

quarta-feira, agosto 30, 2006

Urca!





Subir a pé e descer de bondinho, no meio, parada para um café com pão de queijo no alto do Morro da Urca. Sequência curta de Pequim
Agora só falta subir o Corcovado.
Imagens: Ilhas Cagarras ao fundo na praia de Ipanema e praia vermelha na Urca
Bjs,
Angel

sexta-feira, agosto 25, 2006

Tinha um Alce no caminho





Terminou hoje o Congresso Mundial de Saúde pública e o Brasileiro de Saúde coletiva, no Riocentro. De Lula à Mocidade Independente de Padre Miguel. Nosso mundo globalizado, desigual, de pobres muito pobres e ricos muito ricos. Muita Alma Ata, pesquisa e educação para conscientização de populações, bioética, hermenêutica e acabei de me lembrar das palavras finais do José Ayres da USP no painel muito concorrido coordenado por Fernando Lefèvre, “Produção na e da Saúde”. Dizia ele ao final: “Devemos pensar em qual é o nosso projeto de felicidade e qual o papel da saúde neste projeto”. Nosso projeto de saúde deve incluir a felicidade gente!
Hoje à tarde entrei na sala do debate de “Bioética, globalização e direitos humanos”, coordenado pelo Volney Garrafa e olha eu dando de cara novamente (ver postagem “palco da vida”) com um tetraplégico na ribalta. Achei ótimo, sentei e fiquei até o finalzinho. Então, o Steven Fletcher, primeiro deficiente físico membro do parlamento do Canadá deu seu depoimento que incluiu um atropelamento de um Alce que o deixou tetra nível C4. Claro que antes do acidente ele desconhecia os papos de deficiência, limitações, etc, mas, graças a um Alce teve sua história desviada para os rumos da superação. Entrou para a vida política e deu no que deu, hoje luta pelos demais. Uma luta antes de tudo consigo, com o seu corpo, velho desconhecido. Suas conclusões, também à elas cheguei. Custamos caro ao Estado, precisamos nos expor à sociedade para que compreendamos uns aos outros, devemos ser julgados pela nossa capacidade e não pela doença . Minha contribuição ao seu discurso: conquistar um espaço onde possamos ser livres para apenas existir como pessoa. E, para além de todas as limitações, integrar-nos num universo de incertezas que permitam o livre acesso à todas as possibilidades, e por meio de uma delas, vivenciar o espaço da leveza do espírito.
Imagens: Tem um Lula-lá no palco e Fletcher e sua super cadeira de rodas.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Solo




Recomecei o semestre no Parque Lage-” Da observação à expressão”. Utilizamos o desenho de modelo vivo para recriar o universo plástico. Atelier cheio, cavaletes, carvão, tinta acrílica. A superfície, papel.
Sim ! Estou no lugar certo. Meu chão, onde encontro raizes. Não pude seguir o caminho da arte como acreditei aos quatorze anos. Pintava onde alcançavam minhas mãos e meu pensamento. As paredes do quarto, portas, papéis, telas. Não era uma paixão, era uma necessidade. Do carvão à tinta a óleo. Três anos depois, fui “aconselhada” por um médico, a parar de pintar.
A modelo chegou, deve ter uns 24 anos, despe-se completamente. Começo a observá-la. Alonga-se sobre o o pequeno tablado. Um gato aparece. Gatos adoram corpos em movimentos suaves. Posta-se ao seu lado e determinado ficará quase até o término da aula, não sem antes desfilar sobre meus desenho dispostos no chão. Cada postura dura pouco tempo, apenas o necessário para uma mistura de desenho cego com esboço de formas. Ainda não há cor, somente o carvão. Passo para um olhar analítico, as posturas que ela permanece são complexas, os planos se cruzam, mas deixo a mão ir. Vou aos detalhes muito rapidamente. O contorno dos pequenos seios, penso, como os meus. Observo mais atentamente, quadris largos, há curvas definidas, um ou outro músculo pode ser delineado. O tempo para cada postura é curto. O principal é captar a essência, ao menos neste momento.
Notei quando cheguei que os cavaletes em frente ao tablado estavam vazios. Lá coloquei minhas coisas. Pior lugar para ficar
Meus olhos se deparam com os dela. Fico confusa. Quem observa quem? Sorrio, ela retribui. Está ali. Lembro-me novamente da essência, o que nos une naquele momento. A busca pela autenticidade. Quando perdemos nossa naturalidade? O frescor e a leveza da simplicidade?...Está descomplicando, graças a Deus. Mollica me ajuda com a melhor forma de explorar o carvão e a observar as linhas. Tudo para Kandisnky é ponto ou linha, ouvi Gianguido Bonfanti explicando na semana passada. Comentou o livro “Do espiritual na arte”, novamente Kandinsky, praticamente devorei o livro. Sabe, não sei degustar. Fruto da ânsia de viver. Vejo lá na pg 13 quando o autor fala sobre a ressonância: “essa ressonância espiritual, essa necessidade interior, constituem o princípio básico de todo trabalho criador. O pintor deve procurar antes de mais nada, entrar em contato eficaz com a alma humana, única garantia de profundidade cósmica da arte”.
....
Fui na exposição de Degas-O universo de um artista- no MASP. Segundo se depreende, Degas era um misógino, voyer de hipódromos, palcos, locais de banhos e bordéis. Há um universo de cavalos, bailarinas e mulheres no banho. Na seção de bordéis estão tb gravuras que Picasso fez sobre o comportamento um pouco "distante" de Degas. Observo dois universos diferentes sobre o mesmo tema e, Picasso, definitivamente me arrancou muitos risos. A obra central é uma escultura da pequena bailarina de quatorze anos. Não sabia que Degas foi um magnífico escultor. Essa bailarina, única obra de escultura exposta por Degas em vida, causou muita inquietação na época, leio. A bailarina é simples, olha para o alto e não para o observador. Está numa cúpula de vidro e veste saia de pano. Sim, ela é viva! É orgânica! Por isso veste e não é vestida. Causa inquietação pelos contrastes.Sinto-me completamente absorvida por ela. Unidas por um elo atemporal. A cúpula de vidro, conheço bem essa sensação. Exposição, caso clínico, alma em distanciamento, adaptação-desadaptação, distanciamento.
Parei no centro do salão do Masp, olhei todo o conjunto da obra, inclusive os demais artistas contemporâneos de Degas, ali presentes. Havia muita vida ali, voltei o olhar para a bailarina, o vidro.... Ela era a alma de Degas. Sua forma de estar no mundo. Tão à parte e tão imerso em suas observações. Olhando para si mesmo. Sua alma, seu olhar cósmico. Intocável.
Voltei a olhar a modelo. Momentaneamente nossos olhares se cruzaram.
Orlando Mollica comenta os trabalhos-“o desenho deve ser como a caligrafia, espontânea, a cabeça não deve interferir tanto”.
Preciso muito disto

Angel

quinta-feira, agosto 03, 2006

Homo cerebralis


Já não bastasse o Homo sapiens, faber, ludens, gubernator, agora vivemos a era plena do homem neuronal.
O cérebro é muito mais do que a soma das partes, ele é tudo!
O Congresso Internacional de neurociências e sociedade contemporânea no RJ está imperdível. E para não dizer que não falei de flores, a arte foi contemplada pela artista plástica Susan Aldworth que fez um contraponto com o sujeito cerebral e, pela médica e antropóloga (o currículo é muito extenso), Margareth Lock.
Margareth mostrou as obras de um artista plástico belga, William Utermohlen que por meio de suas pinturas representou o impacto da sua doença (Alzheimer) sobre o seu psiquismo.
Há muita fragmentação no último auto-retrato. Prevalência de cores primárias. O rosto lembra um buraco de fechadura. A chave desta porta....aonde foi parar?!
Como diz a sra com Alzheimer que acompanho há 3 anos quando a interpelo sobre algo:
- "Responde você".
Angel



The self-portraits shown have been considered by many observers to openly express a variety of states of mind, including terror, sadness, anger, naked pain, and resignation (Paris Exhibition, 2000).Indeed, as the artist himself noted, “When you are painting it is always about how you feel”.

domingo, julho 30, 2006

Olhos de menino



Queria me lembrar o que pensa um menino de 10 anos

Ontem ele olhou dentro dos meus olhos pela primeira vez. E depois disse obrigado.

Também assistimos "Carros". Animação Pixar com mensagem taoísta- O que importa é a viagem e não o destino.

Bjs, Angel

quarta-feira, julho 26, 2006

Se eu falasse a língua dos homens



Dez anos sem Renato Russo... "Se eu falasse a lingua dos homens eu nada seria ".
Poesia, vida pelo avesso.
Nada como chamar um homem de maravilhoso. Recentemente escrevi à um homem maravilhoso e disse que ele é maravilhoso. Alguém já fez isso?
É dando que se recebe (não me entendam mal).
Viver é mandar às favas algumas bobagens. Queria ser leve, leve.
Renato Russo, Cazuza, Tim Maia, Geraldo Vandré, Gonzaguinha, e o pai, Geraldo Azevedo, todos homens maravilhosos...a seu jeito.
Então vou confessar aqui no recôndito do meu blog assiduamente visitado por uma média de três mulheres, duas amigas maravilhosas e uma que não conheço pessoalmente pq está em Portugal, mas creio que é das boas tb, que...
não é fácil dizer a um homem (ainda que por e-mail) que e ele é maravilhoso e não receber nenhuma resposta de volta. Nada, nadinha em mais de duas semanas! Onde errei meu Deus. Um elogio dos deuses e silence ...only silence.
Devo guardar comigo meus sentimentos?
Divulgo num out door?
Sem dramas, amanhã é mais um dia de engarrafamento, com vans e ônibus superlegais te espremendo pela direita e pela esquerda
Cantando..."Eu nasci, há dez mil anos atrás (há dez mil anos-back vocals) e não tem nada neste mundo que eu não saiba demais "...
Acabei de descobrir! Eu não sei nada minha gente!
Não sei nada sobre homens, sobre mulheres, sobre loucos e sãos
A única coisa que eu sei é que não temo a morte e que fico mais surda a cada dia que passa
Você sabia que todas as drogas são o-to-tó-xi-cas. Fazem mal ao ouvidinho, queimam a cóclea...uma vez dado o diagnóstico a doença aparece no dia seguinte
O incrível desafio de se expor. De expor ao mundo suas mazelas do espírito e do corpo
Definitavemente, a partir de hoje perdi completamente o senso de ridículo. Pego o megafone e comunico ao mundo (ao meu pequeno mundo virtual). Meu mundo é silencioso e ruidoso. Ouço sons que não conheço e não ouço os que conheço. Declaro que essa sensação me estressa, me deixa ansiosa e irritada. Não sei como me defender do que não escuto mais. Optei por ficar calada, mas não consigo, então concluo que a surdez é uma escola onde se aprende a não ouvir com os ouvidos, a ouvir com os olhos e descansar a língua. Uma escola de percepto-cognição para pessoas destemidas.
Não vou me esconder
Vamos em frente, ou para os lados, tanto faz.
Diversidade com classe.
A figura colorida acima é de um livro infantil sobre Frida Khalo. Eis uma mulher maravilhosa, sua dor foi motivo de criação. Sua arte uma ode à vida. Ao menos sei que ela existiu, deixou uma arte belíssima e aprendeu a pintar sozinha (teve um apoio de seu pai fotógrafo). Pintou o que conhecia de melhor; seu próprio rosto, reflexo de um espírito autêntico e coerente com a sua vida
Dai-me coerência senhor
Amém, vou dormir

Angel

domingo, julho 02, 2006

Presente da vida




Não adianta ficar de choradeira. Estamos fora da Copa :(
Pegando carona no espírito esportivo iniciei minhas aulas de natação
Nosso inverno não é de castigar, mas a tal piscina aquecida deixou muio a desejar.
Imagem da XV Olimpíada de transplantados em Ontario-Canadá (julho/2005) organizada pela associação Canadense de Transplantes:

MISSION STATEMENT:
The Canadian Transplant Association is a charitable organization that includes transplant athletes and others who are committed to identifying and removing barriers to organ donation.
The CTA encourages and motivates transplant recipients to maintain a healthy lifestyle by supporting athletic and other awareness events.

Tá valendo tudo galera, caminhadas, remo, natação, corrida, mergulho, jogos de amarelinha e de bolinha de gude...
O importante é movimentar o esqueleto!!!!!

Ótima semana, Angel

quarta-feira, junho 28, 2006

Vamos todos cantar de coração!

Ok, todos estamos torcendo para a Copa, mas o hino do título (que por sinal é do vasco) é para comemorar a criação do primeiro curso federal de graduação em Terapia Ocupacional do RJ. Trabalho conjunto!
E as duas vagas para professor assistente foram para: Angela Guimaraes e Márcia Cabral!
Êeeeeeeee!
A Terapia Ocupacional esté entre as dez profissões mais procuradas mundialmente e terá um maior reconhecimento e valorização profissional até o ano de 2014.
Enquanto isso vamos trabalhando no novo curso com muita garra para começar bonito, aliás como já vem sendo!
Beijos for all
Angel

terça-feira, junho 27, 2006

Bengala



Da Revista Veja desta semana: Corpo e mente
"O poder da sugestão mental sobre a saúde foi objeto de uma frase famosa do escritor francês Stendhal, autor do clássico O Vermelho e o Negro. Ele afirmou que "nomear uma doença é apressar-lhe o progresso". O contrário – nomear uma cura para que a saúde se restabeleça – é uma hipótese que pertence tão-somente ao terreno da religião. O que os cientistas acreditam é que, num futuro não tão distante, será possível auscultar o cérebro para evitar que doenças atravessem a alma e desintegrem o corpo."
Todos precisamos nos re-educar, tanto aqueles que nomeiam, quanto aqueles que acreditam no que é nomeado.
Bjs, Angel
imagem: http://www.neuroesthetics.org/art/index.html