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domingo, dezembro 18, 2005

Autoretrato


Michelangelo Buonarroti, autoretrato. Eis um exemplo de proporção áurea.
A atenção do observador recai inicialmente sobre o rosto do artista para, em seguida, ser atraída para sua fabulosa mão esquerda.
O natal está chegando, não percamos o verdadeiro espírito
Angel

domingo, dezembro 11, 2005

Imagos




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Gramado, luzes e ação!

Voltei do congresso de doação de órgãos em Gramado. A gauchada adora uma causa!
Na sequência de fotos a caminhada pela vida realizada logo no primeiro dia do evento. Transplantados, familiares, ongs, associações e afins (2 médicos!- Clotilde e Eduardo Rocha-olha o RJ aí)
Eu tb estava lá. É preciso caminhar...com quem entende do assunto então, só engrandece E assim fui conhecendo, conversando me animando e pq não dizer, voltando as origens lá em 1985 quando eu labutava pela causa politica e socialmente. Agora tem a portaria Nº 1.752/GM DE 23 DE SETEMBRO DE 2005 que exige um mínimo de 3 coordenadores de tx por unidade hospitalar, e acho que vou por aí, junto com meu RJ querido.
No meio das plenárias, mesas redondas, apresentações e pôsteres, critérios de morte cerebral, modelo espanhol, coordenadores de tx, abordagem da família, formas de captação de órgãos, educação da sociedade e equipes de saúde, números e números de txs, fila de espera, etc, etc...Tem gente demais morrendo na fila, enquanto a galera notifica pouco, desconhece o básico, não tem motivação suficiente e o preciso tempo para aqueles que esperam por uma doação vai passando.
Mas, Gramado está iluminada. Natal da Luz! E na luz eu confio, então vamos caminhando e agindo dentro do que cada um pode ou quer dar, doar.
Na sequência de fotos a caminhada, Bruno (transplante de rim) e Eduarda (coleguinha inseparável de turma), pôster, ExpoGramado e na frente da Catedral de Pedra, Angela, uma nefro do Amapá muito gente boa (cuja missão é ser a única nefrologista da cidade) e dois gaúchos de POA (não confundir com Pelotas que realmente faz juz a fama)
No link o site do Banco de órgãos que vale a pena conferir (legislação, links para todos os sites sobre TX, aulas para coordenadores de tx, etc)
Angel

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domingo, novembro 27, 2005

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MAC e Tai Chi

" Sorrir para dentro, para seus órgãos internos" É o que nos fala Chang na aula de hoje
Hoje comentei a importância do Tai Chi nas doenças crônicas e ela me passou uma informação de artigos sobre benefícios desta prática nas doenças crônicas e degenerativas. É só clicar na foto que vai para o link.
Como prometido, MAC, vista e lago.
Angel

sexta-feira, novembro 25, 2005

A Jornada do Herói


"Campbell (clique no título e cairá no link), trabalha
a noção de que as histórias (todas elas) estão
ligadas por um fio condutor comum. Assim, desde os
mitos antigos, passando pelas fábulas e os contos de
fadas até os mais recentes estouros de bilheteria do
cinema americano, a humanidade vem contando e
recontando sempre as mesmas histórias.
Esta “história oculta” dentro de outras histórias é
chamada por Campbell de “A Jornada do Herói Mitológico”,
e tem servido de base e orientação para profissionais
que estudam e se dedicam às diversas formas do
“storytelling” (o contar histórias), desde psicólogos,
escritores e contadores de histórias, dramaturgos,
roteiristas e críticos de cinema e até mesmo entre autores
e mestres de RPG.
Segundo Campbell, seria possível estruturar qualquer
história a partir do roteiro básico da “Jornada do Herói”, e
vice-versa, ou seja, é possível “desmontar” as histórias,
identificando nelas os passos que constituem a “Jornada”.
Apesar das muitas variações possíveis da “jornada
do herói”, no fundo, no fundo podemos concebêla
como uma única jornada
“ Um herói sai de seu seguro mundo comum para
se aventurar num mundo hostil e estranho.”
A “jornada do herói” pode ser externa ou interna,
ou seja, pode ser uma aventura física propriamente
dita, com mocinhos, bandidos, etc ou uma história
que se passa na mente e/ou coração do personagem"
Oh, sim, todos temos nossa jornada individual...também simbolizada como Caminho
Boa jornada
Angel!

domingo, novembro 20, 2005

Sonhos de vida











Nossa missão é dar plena expansão aos nossos dons, talentos e recursos, e enfrentar os testes e desafios. Gandhi reconheceu essa simples verdade quando afirmou: "Minha vida é minha mensagem"
(Retirado de: Arrien, A. O Caminho Quáduplo. Trilhando os caminhos do guerreiro, do mestre, do curador e do visionário. 1993. Agora. SP)

Vida criativa para todos nós!
Angel
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Travessia e Pequim

Hoje teve a "travessia dos Fortes" em Copa. Legal, não é para qq um
Lá em Pequim, o Clodoaldo, nadador brasileiro recebeu o Prêmio Mundial de Esporte Paraolímpico como melhor atleta masculino do mundo. Olha o que ele disse: "-Não há coisa mais emocionante e recompensadora, para um portador de deficiência, do que ouvir de crianças sem qualquer deficiência: quando eu crescer quero ser igual a você".
Quando a diferença aproxima, eis a questão.
Angel

O fluir das ondas


Já devia ter dito antes que retornei ao Tai Chi Chuan
Minha "mestre" é chinesa, chama-se Chang. O local é abaixo da cúpula do MAC de Niemayer em Niterói. A paisagem à frente, o litoral zona sul do Rio, Corcovado e Urca. Lado de cá: ilha da Boa viagem, praias, Fortaleza de Sta Cruz na entrada da Baía. O MAC por si só já encerra grande beleza arquitetônica (depois prometo postar a foto do local, o que economiza muito blá, blá, tb).
Hoje choveu muito de manhazinha, mas em cima da hora parou o aguaceiro e segui rápido para a aula. Durante os movimentos, houve uma leve pausa para retomarmos nossa postura e, por um breve instante, mirei o pequeno lago que circunda a base do museu. A água tremulava com um ritmo constante devido ao vento, quase um frêmito, lembrei-me de minha fístula, mas não há mais frêmito em meu braço. Desliguei há exatamente um mês e 4 dias. O meu caminho é mesmo uma questão de ritmo. Sempre foi acelerado: taquicardia, movimentos e aprendizado rápidos, esquecimento rápido tb. O fluxo sanguíneo revela meu ser.
Em algum momento o ritmo se rompeu, o equilíbrio foi perdido. Não sei ao certo, mas sinto que foi assim.

As diversas formas de Tai Chi "são como o fluir das águas nos rios e as ondas nos oceanos". O mar, as conchas, as ondulações.
Agora, a melhor parte: " a prática do Tai Chi é reconhecida por regular e reequilibrar os sistemas circulatórios e os órgãos internos, promovendo ainda a harmonia entre corpo e mente". Reencontrei o Tao. Motivo de grande
felicidade!
Angel



" O ser integral conhece sem ir,
vê sem olhar e realiza sem fazer"
Lao Tse

terça-feira, novembro 15, 2005

Guerra e paz

Olha só que coisa linda, um pai de um menino Israelense morto em ataque doou todos os seus órgãos beneficiando seis pessoas, entre elas um bebê.
Em plena guerra pode haver paz
Entrem no link para maiores detalhes
Angel

Meninas ao Mar

Todo mundo se encanta com este quadro!
Eu e minha irmã quando pequenas...na minha mente
O mar hoje não estava lá tão luminoso quanto o de Sorolla, mas fez bem a alma.

Angel Posted by Picasa

domingo, novembro 06, 2005

Carmim



Uma visão colorida da Baía Bengala na India, composta de três imagens adquiridas por radar em momentos diferentes. Os padrões em ondulações ao longo da costa da Baía indicam que há sedimentação sendo depositada pelos rios do Delta do Ganges .
Vermelho carmim. Vivo, vibrante e sedutor
Angel

quinta-feira, novembro 03, 2005

Sincronia


Tanto a imagem quanto o texto são dedicados a uma amiga. Encontramo-nos apenas uma única vez em São Paulo. Conheci Anne pela leitura de um capítulo de um livro de arteterapia. Nele ela descrevia seu trabalho com renais crônicos em programa de hemodiálise na Unidade satélite da Fundação Oswaldo Ramos (Unifesp)- chamado carinhosamente de Hemodialisart. Ela descreve como o trabalho de arteterapia permitiu criar um canal de comunicação que não havia antes com os pacientes, que os ajudou a "tomar iniciativas a respeito de seu próprio quadro de saúde e a serem participantes ativos de seu processo de reabilitação, com uma postura mais positiva e uma atitude mais dinâmica diante da vida". Consegui seu e-mail e nos encontramos na Oscar Freire. Incrível sua disponibilidade. Ela já não morava mais em SP e mesmo assim conseguimos marcar um encontro numa de suas vindas enquanto ainda estava no pós operatório do tx (dois meses depois da alta). Sentadas tomando café e suco, falávamos a mesma linguagem, sob óticas não tão diferentes. Ela graduada em Belas Artes e com formação em Arteterapia, eu Terapeuta Ocupacional com pé nas artes plásticas desde criança. Contou-me sobre seu trabalho na diálise. Quanto mais ouvia, mais encantada ficava. Em tão pouco tempo, Anne dominou a crua realidade dos renais crônicos. Sua sensibilidade permitiu uma aproximação franca, serena e vital com esse grupo. Desnecessário dizer o quanto fiquei comovida. Nas palavras daqueles que a conheceram em ação ela "veio para colorir a sessão de hemodiálise e ensinar algo novo e bom"(tirei esta citação do livro). Sei que ela não somente "ensinou", mas estabeleceu uma troca ativa com este grupo, pois ela é assim, adora trocar conhecimentos e diz que o saber deve circular.
Trouxe um pouquinho dela para este espaço, para que seu trabalho e sua essência circule por aqui.
Ela enviou-me uma caixa cheia de livros...é foi assim mesmo. Todos incríveis, não poderia ler todos de uma vez, embora minha vontade tenha sido esta. "O Caminho quáduplo" conta sobre os povos da terra e o poder dos quatro arquétipos para viver em harmonia e equilíbrio com o meio ambiente e a própria natureza interior: o Guerreiro, o Curador, o Visionário e o Mestre. Foi o livro que escolhi para meditar.
Resta dizer que no sábado fui a exposição "Por ti América" no CCBB e foi mesmo uma "volta" às origens. Deixo o convite registrado
Angel

quarta-feira, outubro 26, 2005

espirais e polaridade


Foto em 3D do furacão que atingiu RS e SC na quinta-feira, 01 de abril de 2004 - 14:09, distribuída pela NASA. Quem dispuser de óculos especiais (mesmo os mais simples, encontrados no comércio) poderá visualizar em três dimensões o fantástico espetáculo das nuvens e do olho do furacão.
Beleza e destruição
O Fantástico de domingo mostrou uma pesquisa sobre os temores humanos. O povo tem mais medo de ficar doente do que da morte. Detalhe: tem medo de ficar doente e não de perder a saúde.
Ter saúde é maravilhoso, só sabemos quando a perdemos. Polaridades
Tenho pensado muito se há beleza na doença e também como é bom namorar com a saúde.
Angel

domingo, outubro 23, 2005

Proporção áurea e espiral



Concordo que "O código da Vinci" seja Harry Potter para adultos, por isso mesmo a trama ficcional acabou por me prender. Enfim, quem leu e se lembra da citação sobre a série Fibonacci, logo no primeiro capítulo, que ajudou a desvendar o enigma dentro do Louvre? Tentei aprofundar sobre o tema que nos remete a espiral logarítmica e fiquei fascinada, pois no período do pré transplante pintei vários quadros que possuíam alguma forma espiralada ou espirais. Comecei com conchas marinhas e depois figuras abstratas em espiral. Em certo momento percebi que eram formas recorrentes, foi quando o "Código" caiu em minhas mãos.

A proporção áurea citada no livro, que teve base na Geometria, assume a forma de uma espiral. Representa uma proporção de desdobramento, desenvolvimento, no qual o sentido de crescimento e de expansão rítmica no espaço torna-se imediatamente perceptível. O que a diferencia das demais proporções é que não ocorre em eixos verticais e horizontais. O que permanece constante é a reciprocidade das equivalências. Aí entra a série Fibonacci: 1,1,2,3,5,8,13 (progressão numérica, na qual o terceiro número representa a soma dos dois números precedentes) . A proporção áurea já é encontrada em obras de civilizações antigas, na Índia, Egito e Grécia. O padrão da seção áurea não é nada óbvio e revela uma conquista espiritual fascinante e misteriosa. Artistas, como Leonardo da Vinci, que a intuíram eram dotados de uma poderosa inteligência e imaginação, além de sua sensibilidade pela linguagem das fomas e sua lógica.O assunto é inesgotável, remete a geometria, geologia, história, arte, etc, etc, coloquei algumas referências mais adiante e, até aqui, tomei emprestado o livro da Fayga Ostrower (A Sensibilidade do Intelecto). Enfim, o significado "transcendental" desta proporção é que ela se identifica com um padrão cósmico que se manifesta no crescimento das plantas, na teia da aranha, nos insetos, nos animais, nas proporções do corpo humano, no trabalho dos cesteiros, pintores e arquitetos, nas mandalas. O arquiteto Gyorgy Dóczi descobriu que existe "a unidade" dentro da diversificação de formas e das diferenças individuais, nas mais variadas espécies. Algo que faz com que tudo se mantenha um com o Universo". Os padrões harmônicos na natureza são trazidos consciente ou inconscientemente às artes, ao comportamento e à cultura do homem.

Fico imaginando se aquelas imagens teriam alguma relação com os ciclos da doença renal: perda, morte, renascimento, vida, perda...Tendo como pano de fundo o desenvolvimento espiritual, etc, etc, minha cabeça uma sopa de legumes fervilhando. O fato é que eu PRECISAVA daquela imagem, e sentia-me atraída por ela, ainda sinto. Uma imagem simbólica, talvez.

Ontem abri ao acaso um livro que precisei "desencaixotar" por necessidades profissionais, comecei a ler e pimba!

" Uma das imagens mais antigas do mistério da vida, da morte, da transformação e do retorno é a espiral labiríntica, no qual tememos nos perder. O terror é, como coloca Kierkegaard, um elemento intrínseco da condição humana; o que ele exprime é o medo da Vida e o medo de Deus...A liberdade se conquista graças ao contato com a vontade da vida, e não com a tentativa de manipulá-la"

Ainda estou assimilando...sem racionalizar tanto de preferência, imagens

Angel

terça-feira, outubro 18, 2005

"A separação das águas e das terras"



Este afresco da capela Sistina, pintado por Michelangelo chama-se "A separação das águas e das terras". Alguns cirurgiões, e também um nefrologista chamado Eknoyan viram no contorno que envolve a imagem de Deus, a forma de um rim inclinado. Sabe-se que Michelangelo sofria de cólicas renais dolorosas e que o rim era conhecido desde o Antiguidade como o "separador das águas". Na imagem do Criador de Michelangelo há um movimento expansivo de dentro para fora, uma transformação prestes a ser efetivada pela sua vontade facilmente visualizada pela atitude de uma de suas mãos. Há um forte simbolismo na imagem que por incrível coincidência está representado numa posição semelhante ao rim transplantado.

Outras analogias com peças anatômicas na obra de Michelangelo pode ser encontrada no livro " A arte secreta de Michelangelo" de Gilson Barreto.
Sei que há um simbolismo entre espiritualidade, depuração e o rim, mas não conheço outras fontes bibliográficas.

Imagens e palavras





Quis ver esta fenda de perto.
Uma imagem linda
Não temo a queda, temo o que ignoro
Este é um espaço Trans
E o transplante viria como uma salvação. O “milagre” esperado. Uma imagem que nos remete a Deus certamente.
A imagem que temos do milagre é algo vindo dos céus. Ainda que seja intermediado por um “gênio da lâmpada”, surge do desconhecido a realizar nossos desejos. Gênios da lâmpada não existem e milagres não caem do céu.
O transplante veio, suado, chorado, lento, no momento que deveria vir. E este momento foi quando parei de esperar ansiosamente por ele.
Neste período produzi muitas imagens: fotos, pinturas, desenhos. Plenitude e busca de significados pela cor, forma, luminosidade, símbolos e emoção. O essencial deixa espaço para a imaginação do observador.

Imagino muito sobre o momento da cirurgia, nada consigo lembrar conscientemente. Minha última imagem foi a despedida da minha doadora e a entrada na sala do centro cirúrgico. Aspecto lúgubre, sala pequena. Virei o pescoço para o lado direito e percebi uma luz. Vi uma outra sala ao longo de um corredor. Uma enfermeira apareceu e fez os primeiros cuidados.
Não sentia frio, medo ou ansiedade. Enfaixou minha fístula no braço esquerdo. Desejei muito ver um rosto amigo e o cirurgião apareceu. A anestesista entrou e preparou meu braço direito. O médico sorriu pra mim e pegou a minha mão. Olhei para ele, fiquei feliz em vê-lo. Perguntei se poderíamos fotografar a cirurgia, ele anuiu e disse que não via problemas. Sorri para ele, agradeci e não me lembro de mais nada...
Quando acordei, ainda estava tranqüila, sabia que a cirurgia havia terminado e ainda estava na mesma sala. Olhei para enfermeira e perguntei: - Acabou? - Sim. Ela disse. Ainda sonolenta, mas sem dor, senti meu trajeto de retorno. Rostos olhando para mim, o elevador, o tranco, Unidade de transplante renal, quarto. Depois flashes, muita gente ao redor. Minha mãe segurava minha mão. Reconheci o rosto do residente. Pedi sedativo.
- Sedativo Ângela? Você quer analgésico, né?
- Não, sedativo. Quero apagar...
Sabia que a dor viria com tudo logo, logo. E veio.
As fotos foram feitas. Só me senti pronta para olhá-las um mês depois. Mostravam a preparação da cavidade, o rim doado na cuba sendo preparado e o transplante efetivamente. Esta última foto foi algo muito revelador. Meu primeiro sentimento ao vê-la foi de espanto. Um rim tão grande, tão vermelho carmim, tão vivo, enfim, tão diferente das peças anatômicas dissecadas que eu tinha em mente. Sabia que um rim vivo não era pardacento, mas nunca havia visto algo semelhante em mim, talvez. A imagem de minha barriga com um corte que me pareceu imenso e eu não conseguia localizar meu umbigo! Era uma cena limitada: barriga aberta, campo cirúrgico azul cobalto, mãos habilidosas enluvadas e sem rosto, muitas pinças cirúrgicas, um dreno saindo próximo a lateral do corte e sangue, como deveria ser. Transplantada efetivamente! O registro visual do momento. Entre o azul dos campos, transplantado em meu corpo, mais um novo rim. A vibração do vermelho, da vida que mudava de morada. Ambigüidade também, uma parte de outro ser vivo em mim. Além dou outro-Trans.
Rompendo a casca limitada da dor para emergir numa nova realidade. A imagem do rim, sua cor efetivamente vibrante dada pelo meu sangue. Uma nova identidade em plena formação. A “separação das águas” acontecendo novamente em meu corpo.
Não tolerei ver a foto por muito tempo que me pareceu ser longo embora a apreciação tenha sido por breves segundos. Fechei-a e não retornei a ver. Não mostrei a ninguém e fiquei assimilando na mente aquela imagem surpreendente. Quando a revi já não produziu o mesmo impacto, olhei sem medo e fiquei percebendo os detalhes. A imagem do transplante é repleta de significados; a estética luminosa e vibrante do vermelho, a forma harmoniosa, os esforços empregados em conjunto em favor de um ideal. Transcendência.
Ter visto a foto do transplante teve um impacto muito positivo sobre mim. Uma representação do momento do qual não tenho lembrança consciente, a visão do órgão que renova meu sangue todos os dias.
O cérebro não distingue entre o que vê e o que lembra.
O que a imagem observada nos inspira?
Quais lembranças serão armazenadas?
O que estamos construindo mentalmente?
O quanto da imagem observada da foto do transplante tem me influenciado para a incorporação e aceitação do novo órgão?
O conhecimento é mais interessante do que a ignorância.
Enfim...Imagens

Ângela, 28/08/2005

quarta-feira, outubro 12, 2005

Congresso Internacional de doação de órgãos

O VIII Congresso Internacional de Doação de órgãos será em gramado de 3 a 5 de Dezembro. Visite o site.
Angel